Algumas notas (traduzidas) do diário
eu sinto falta de escrever
poesia
criar a nuance do sentimento na palavra
ir além do raso comigo mesmo
sentir a palavra como sinto o tato
como sinto o olhar, como sinto a voz
como ouço as percussões, as vozes
os melismas, as sobreposições
vomitar tudo o que é abstrato de mim
até sair concreto, de alguma forma
fazer sentido com tantos fios soltos
desgrenhados
quero torna-los um
quero a solidez de algo abstrato
o calor do sol que nunca pôde ser tocado
engolir o vento, colocar o som num pote
encapsular um momento e cada detalhe seu
Oier, tô no note, são 22h47 do dia 14 de junho (de 2023). Falta menos de uma semana pro meu aniversário e, segundo a função do Excel que fiz hoje na aula do Filipe, eu tenho 20,98 anos atualmente. Uns 7600 dias de vida, salvo engano. Ah, tô começando a ficar incomodado comigo misturando línguas porque tô esquecendo como se diz certas expressões em português. Problema estranho, né? Mas eu tenho. A Rosalía me entende, pelo menos.
Quero escrever sobre minha vivência em geral ao longo deste ano e resumir como tô me sentindo em um texto, porque tem tanta coisa rolando recentemente, tipo, apenas nos últimos seis meses, tantos eventos aconteceram e eu sinto a necessidade de escrever sobre isso pra processar e compartilhar como minha vida tem sido ultimamente, sabe? Entretanto, toda vez que tento, fico com preguiça ou sinto que não estou conseguindo capturar como gostaria. Deu pra sentir o perfeccionismo gritando daí?
Cheguei a um ponto da vida em que tô exausto com essa minha característica porque ela me impede toda vez que tento fazer algo real oficial. Eu odeio o fato de que provavelmente vai viver comigo para sempre. Queria me dissociar disso, mesmo que eu saiba que isso vem para o bem em muitos casos. Realmente me cansa. Um ótimo exemplo disso é: tô escrevendo isso com o Google Tradutor em uma aba a parte, mesmo estudando esse idioma há, tipo, 13 anos?
De qualquer forma, agora tá tocando Ghost in the Machine e já faz tanto tempo desde a última vez que ouvi ela. Coloquei pra repetir, porque definitivamente vale a pena. Mas quero dizer que essa letra não faz tanto sentido pra mim como fazia no começo do ano. Eu realmente sentia essa música com todo o meu coração e mergulhava nessa melodia como se minha vida dependesse disso — às vezes, parecia que realmente dependia. No entanto, tô muito feliz com minhas decisões até agora. Parece que a cada ano, tenho feito mais e mais sentido comigo mesmo, tipo, cada vontade que tive no passado e deixei de lado é algo que estou trazendo de volta e me investindo, se ainda faz sentido.
Fico feliz em saber o quanto tenho evoluído e me tornado uma pessoa que eu admiraria quando era uma criança, sabe? E na adolescência também. Ok, talvez haja um detalhe ou outro que seja melhor ignorar, mas, numa visão panorâmica, vejo que cada passo que dei nos últimos meses e até anos foi importante para chegar onde estou agora. Eu não quero que isso soe embaraçoso ou algo assim, mas apenas o fato de que eu consegui escrever tudo isso em inglês sem ter muitas dificuldades é algo que me deixa muito orgulhoso de mim mesmo.
O diário e cada um dos dias que escrevi e registrei, cada poema e texto que escrevi e guardei em minhas anotações ou postei na internet, cada vídeo que postei no YouTube ou Instagram encerra um momento especial em minha vida, e quero que este texto faça o mesmo por mim. A vida tem sido tão louca, com a faculdade, meu trabalho, conseguindo ver meus amigos, minhas aulas de piano e outras coisas que me interessam, mas, apesar das coisas que não estou conseguindo como gostaria, me sinto muito feliz com a forma como cada aspecto da minha vida em que estou colocando tempo e energia está crescendo e se transformando de uma maneira bonita. Paciência é mesmo uma virtude, posso afirmar. Há tantas coisas que eu queria jogar fora em momentos difíceis e, ainda assim, fico satisfeito em reconhecer que não o fiz; eu consegui fazer dar certo.
Acho que vou dormir agora, mas provavelmente vou postar isso ainda essa semana. Será se vem aí? Veremos. Agora preciso dormir, são 23h37 e tô com soninho. Um beijo e um abraço (meu mesmo, não da Anitta).
Irônico pensar que eu tenho preguiça de começar a escrever sobre o que sinto? Acho que não, afinal, dá pra contar nos dedos o quanto de pessoas que conheço que não estão fugindo de algo.
Oi, como estamos? Sou eu de novo, como sempre. Hoje é 18 de junho, tô pensando em inglês de novo, e esses dias, não sei exatamente porque, mas tenho agido como se isso fosse um problema. Quero dizer, meu pensamento inglês superando minha fluência em português (como um brasileiro nativo). Eu não devia pegar tão pesado comigo mesmo, sabe?
Deve ser por isso que acordei e tive vontade de ouvir this is me trying pela primeira vez sem pular. Essa música tem uma mensagem tão forte, como não valorizei ela antes?
Certeza que vou agir de outra forma a partir de agora, com relação a essa música.
Eu tô com vontade de escrever um pouco mais pro texto que quero postar no meu aniversário, e alguns pensamentos que têm me rodeado por um tempo é sobre como parece que muitas pessoas em minha vida estão passando por grandes momentos recentemente e como essas coisas podem marcá-las por toda a vida, de alguma forma. Não é abundante imaginar como um momento ou evento específico em sua vida pode ser tão marcante? E o fato de podermos reconhecer o quanto isso pode ser mensurável, assim como podermos deixar algo passar e seguir em frente como qualquer outra memória cotidiana é uma atitude que pode ser verdadeiramente intencional.
Isso me faz viajar quando estou preso nesses pensamentos. É tão curioso como literalmente qualquer coisa no mundo pode se tornar algo importante se você quiser que seja. E as decisões que cada pessoa toma em direção a algo que deseja a torna singular, diferente de todos.
Fico feliz em pensar nisso porque percebo o quanto o nosso tempo é importante, sabe? Usá-lo com as pessoas que amamos, com coisas que convergem com nossos princípios e valores.
Sinto que cheguei a esse ponto da minha vida em que realmente consigo refletir sobre a relevância de cada elemento da minha vida: cada tarefa, evento, ferramenta, comida, roupa, pessoa — como tudo me afeta de alguma forma e determina o meu ser. Espero não estar viajando, mas pensar no significado de todas essas coisas e como elas me impactam fez de mim uma pessoa determinada.
São tantos os aspectos do meu passado onde fui conforme o vento soprava e, passo a passo, comecei a fazer decisões de forma mais assertiva até chegar a um ponto em que sei pra onde quero ir, pra onde prosperar e identifico os meios necessários para realizá-los.
Não me interpreta mal, nem tudo é preto ou branco; ainda sou um geminiano, então há algumas áreas cinzentas ao meu redor aqui ou ali, alguns problemas que enfrento com frequência, mas à medida que meu aniversário chega mais e mais perto, uma recapitulação com um ponto de vista que destaca minhas conquistas é algo que vou me dar o crédito.
Meu modo de auto sabotagem tá me dizendo agora que faço isso o tempo todo e este texto é apenas uma cópia dos outros que escrevi, e ele provavelmente está certo em algum sentido, mas não escrevi um desses em um tempo considerável, então vamos ler tudo de novo e ver se minha vigésima versão tem algo para realmente mostrar.
Faltam 9 minutos pro meu dia e eu tô reunindo as notas… Percebi que não estão lá muito bem costuradas. Isso provavelmente vai deixar o meu eu do futuro um pouco envergonhado, afinal, não existe ninguém que me julgue mais do que eu mesmo, e eu acho que é exatamente por isso que eu vou postar o texto dessa forma.
Crescer não tem um ponto final nem um laço bonito pra concluir tudo, muito menos alguém pra revisar seus textos a plena meia-noite. É hora de me validar desse jeito mesmo.
Ei, você que leu até o fim, obrigado, de coração!
Se gostou do que escrevi, você pode deixar de 1 a 50 palmas/claps, de acordo com o quanto você sentir que o texto merece de aplausos. (!)
☆
